Torcedores do Palmeiras e Santos Mantêm Tradições e Interagem com Outros Apoiadores
Content:
ToggleLarissa Santos, colaboração para a CNN Brasil
29/01/2021 às 17:34 | Atualizado 07/04/2023 às 18:27
Pela primeira vez desde 2006, dois times brasileiros decidirão a Libertadores da América. E não serão quaisquer dois times: os rivais Palmeiras e Santos se enfrentam neste sábado (30), no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.
O jogo é histórico para palmeirenses e santistas, mas dessa vez torcedores que costumavam ir a estádios ou bares terão que se contentar em acompanhar de casa, pela televisão. A partida será jogada no Maracanã e poderá contar com apenas 10% da lotação do estádio. Os ingressos foram destinados para convidados credenciados, equipes dos clubes e patrocinadores da Conmebol.
Mesmo sem poder lotar o estádio e arredores, os torcedores já se movimentam e sofrem de ansiedade para a partida de sábado. Desde o retorno do futebol em agosto, torcedores tiveram que encontrar novas tradições e mudar os hábitos para acompanhar as partidas. A torcida unida, os bandeirões e as arquibancadas foram substituídas pelas televisões em casa e a companhia da família.
A CNN ouviu histórias de torcedores que costumavam frequentar estádios em grandes jogos e mudaram suas tradições nessa final de clássico entre rivais paulistas. As superstições podem os diferenciar, mas todos compartilham a ansiedade para a partida de sábado.
Superstições Alviverdes
Ana Lúcia Dias é torcedora apaixonada pelo Palmeiras e, durante a pandemia, passou a acompanhar o verdão em casa ou na casa da irmã. Para a final, não será diferente: “Veremos na casa da minha irmã. Fomos campeões do Paulista lá e vamos com essa superstição”.
O que não falta para Ana são tradições para o Palmeiras vencer. “Escolhemos camisas que ganhamos em tal jogo. Até o rímel tem que ser verde”. Seus familiares não usam nada preto no dia do jogo, apenas roupas, incluindo roupas íntimas, brancas ou verdes. Dias antes da final, a ansiedade toma conta da casa.
A moradora da Zona Oeste de São Paulo conta que anda perdendo o sono e com frio na barriga preocupada com a grande partida. Em casa desde que ficou desempregada em junho, a ansiedade só aumenta, já que ela tem mais tempo disponível e acompanha as notícias e análises pré-jogo com mais frequência.
Pedro Gabriel Castardo, de 22 anos, é torcedor do Palmeiras desde pequeno, time que aprendeu a amar com o pai. Antes da pandemia, ele costumava acompanhar os jogos importantes em casa, uma tradição que mantém desde o Paulista de 2008, quando tinha apenas 10 anos. Para este ano, a regra se mantém: camisa do Palmeiras, no sofá em frente à televisão da sala.
A especialista comercial Stéfani Santos integra a torcida Mancha Alvi Verde, mas, desta vez, não poderá acompanhar a partida presencialmente. “Ao mesmo tempo que não mudou na pandemia, mudou tudo. Os jogos da Libertadores costumam ser de quarta-feira, e normalmente esse horário eu não tinha chegado em casa e perderia o primeiro tempo inteiro no transporte. Agora eu não tenho pressa e assisto inteiro. Mesmo que seja o mesmo sofá e a mesma sala, a sensação é diferente, ver o estádio vazio traz isso.”
‘A Brincadeira pelo WhatsApp Não Falha’
Ansiedade é o sentimento comum para torcedores dos dois lados. Para Julia Campolino, de 22 anos, o nervosismo precisará ser controlado. A jovem engravidou no início da pandemia e, a uma semana de completar nove meses, está aflita para torcer pelo Peixe. Ela pretende assistir à final em casa, com o namorado e os pais, e tentará se manter calma para não adiantar a vinda do filho.
“Meu bebê pode nascer com o Santos com um título a mais. Estou ansiosa, mas vou desligar a televisão se ficar muito nervosa. O Rafael não pode sair do forno ainda”, conta Julia.
Matheus Cardoso, de 23 anos, torcedor do Santos e vizinho da Vila Belmiro, se reunirá com a esposa, os irmãos e o pai, todos devidamente vestidos com a camisa e bandeira do Peixe para torcer. Nesse momento em que os contatos se resumem a chamadas de vídeo e mensagens em redes sociais, a união para acompanhar o jogo será também virtual. Durante a pandemia, o empresário Mario Brossó passou a acompanhar o Santos muitas vezes sozinho, assistindo aos jogos pelo celular.
Mesmo sem presença física, o empresário tem a companhia dos amigos através de mensagens. “A brincadeira pelo WhatsApp não falha. Quando o Santos ganha, eu vou encher os meus amigos de outros times e quando perde, tenho que aguentar a zoeira. Mas na brincadeira, sem maldade.”
Aos finais de semana, o estado de São Paulo está na Fase Vermelha do plano de reabertura econômica, em que só é permitido o funcionamento de atividades consideradas essenciais, como farmácias e supermercados. Portanto, o decreto não permite a abertura oficial de estabelecimentos onde torcedores possam assistir em conjunto.
Esse é o caso de Stéfani Santos, de 36 anos, que faz parte da torcida organizada Mancha Alvi Verde. Normalmente, ela acompanhava a torcida para assistir a jogos importantes em bares, na quadra da Mancha, em frente ao CT e na própria arquibancada. Dentro de casa, a especialista comercial manteve as tradições de antes, como o banho de folhas, reza aos ancestrais antes do jogo e faz o sinal da cruz no esposo e ele nela. “O local mesmo que mudou, a gente sempre vê do nosso quarto, na cama, porque dá sorte, então é o melhor lugar para estar”.
Para a final, Stéfani pretende ver com colegas da Mancha Alvi Verde em um lugar seguro. “Jogos desta magnitude não dá para ficar em casa. Vamos procurar algum lugar próximo ao estádio, que tenha protocolos de segurança e que possamos ficar o mais perto possível da nossa casa, que é o Allianz Parque”.
Como você pretende acompanhar a final entre Palmeiras e Santos?